Estilo essencialmente favelado

Mandrakas

Souza, F. [@correrua_]. (2021, 14 de dezembro).“ESSAS SÃO AS MENINAS QUE OS MENINO GOSTA 011”.[Fotografia]. Instagram. https://www.instagram.com/p/CXekkUsPg66/?img_index=1


No post feito por Fernanda Souza, em seu perfil do Instagram (@correrua_), me trouxe uma pulga atrás da orelha, uma reflexão que tem que ser feita com o surgimento das “modinhas” viradas, atualmente, para o estilo “drake” ou “mandrake(a)”.

Um dos fatores que incomoda a diretora e stylist do editorial, é a invisibilidade das mulheres inseridas nesta cultura, dentro do mercado de trabalho, dos espaços culturais e discussões de temáticas gerais. Vale ressaltar que, o estilo nascido nas favelas e, consumido, maioritariamente, nas zonas periféricas das grandes cidades, passa por um momento delicado devido à sua folclorização e, por parte de muitos novos consumidores, à insignificância das vestimentas e objetos utilizados.

Além disso, a grande questão é se as pessoas conseguem enxergar a diversidade presente no universo das mulheres da cultura paulista, indo além das aparências e estereótipos comuns. Precisamos refletir se essas mulheres são vistas como parte real da cultura ou apenas como modas temporárias exploradas para criar tendências. O editorial “ESSAS SÃO AS MENINAS QUE OS MENINO GOSTA 011”, - onde o número 011 corresponde ao código de Discagem Direta à Distância (DDD) da Grande São Paulo - não apenas crítica, mas também destaca as histórias e identidades individuais de cada mulher, enfatizando que, embora haja uma conexão entre elas, há nuances que as tornam únicas em personalidade e estilo.




Souza, F., Lopes, P., Índia, I., Pradella, P. (2021). O estilo Mandrake é repleto de estereótipos, mas tem a pluralidade como característica essencial [Fotografia]. Glamour. https://glamour.globo.com/moda/noticia/2021/12/o-estilo-mandrake-pode-ate-ser-uma-tendencia-mas-nao-ela-nao-surgiu-no-seu-tiktok.ghtml


Em uma publicação feita por Rafaela Fleur, no dia 15 de dezembro de 2021, no site Glamour, intitulado "O estilo Mandrake pode até ser uma tendência - mas não, ela não surgiu no seu TikTok". Me chamou atenção o seguinte comentário feito por Milena Nascimento, estilista e criadora da marca Mile Lab, fundada no bairro Grajaú, São Paulo:

"A estética Mandrake carrega a personalidade da favela para o mundo. Ela foi construída a partir do funk, tem por fundamento a busca por reconhecimento, pertencimento e respeito."

A estilista, em sua marca, busca exaltar a moda periférica e sua origem, como forma de resistência e ferramenta de transformação social. Milena Nascimento organizou um desfile-manifesto, nomeado FLVXO MILENVR, na edição de 2021 do maior desfile da América Latina, o São Paulo Fashion Week (SPFW). Milena, vencedora do prêmio da Marca Revelação pela Casa Rio e de Estilista do Ano do Geração Glamour 2022, acredita que a revolução começa quando as favelas começarem a consumir o que vem da própria comunidade, ressaltando a importância desta identidade.


MILE LAB. [@mile_lab]. (2023, 24 de julho). ESPETÁCULO DO SUBMUNDO 2023. [Fotografia]. Twitter. https://twitter.com/mile_lab/status/1683512438132547587

A foto acima divulga o último lançamento da marca Mile Lab, Espetáculo do Submundo, que faz referência às religiões de matriz africana, como a entidade Exu, - que, segundo o site Terra, representa a rua, a bebida, as festas e a sexualidade -  os bailes funks, e o samba. Reverenciando, de certa forma, a ancestralidade e batendo de frente com o contexto histórico, social, político e econômico tão complexo do Brasil.
 

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