Consumo nas favelas: o Funk Ostentação e o Funk Consciente
Consumo nas favelas:
o Funk Ostentação e o Funk Consciente
"Diferente de outros grupos sociais, as pessoas de periferias carregam em si um senso de responsabilidade e compromisso com seus familiares quando pensam em mobilidade social, crescer financeiramente é o caminho para ofertar uma melhora de vida para si e para seus familiares, muito diferente de outros grupos que levam em consideração a construção de autonomia e independência quando pensam em mobilidade social." (Xavier, 2023).
Captura de tela, Canal Cinequebrada. (2023, 25 de agosto). Universo das Relíquias - EP 01. [Vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=dCJKUEkTDGE
O tipo de consumo elevado, observado nas favelas, é transformado na Ostentação, que é forjada pela dificuldade, sufoco, falta de acessibilidade e de igualdade. Essa distinção acentuada é fruto, sobretudo, de um Brasil colonial e escravagista, que reflete no contexto atual do país. Devido a todo esse histórico de opressão observado, também, nos dias de hoje, o resultado traduz-se em "(...) um movimento cultural resultante e extremante expressivo como consumo denominado Ostentação. Revelando a ânsia da classe trabalhadora de se sentir próxima, ainda que simbolicamente, do estilo de vida que sempre lhe foi vendido como ideal, mas que sempre lhe foi negado." (Covre, 2015. p.17).
Há, ainda que intrinsecamente, a ideia de "ter para ser", que acompanha a sociedade de consumo ao longo de décadas. Entretanto, os "combustíveis" que movem os favelados são a família e o sonho da melhora de vida, que foge dos padrões do individualismo que a sociedade capitalista alimenta. Assim, concluímos que, o consumo periférico é uma forma de existência e é utilizado com método para alcançar a pertença na sociedade brasileira.
O Funk, é utilizado como ferramenta porta-voz daqueles que não são ouvidos. E, não é sobre não quererem falar, mas sim, sobre como a maioria não quer ouvir. O chamado Funk ostentação já fala, há anos, sobre o desejo de ascensão da favela na qualidade de vida e, há alguns anos, surge o Funk Consciente, que aborda, de maneira mais política e clara as dificuldades e as reivindicações das periferias, que clama, muitas vezes, apenas pelo básico dos direitos que deveriam ser de todos os cidadãos.
A música, escrita por Paulo Alexandre Marques Santos e cantada por Mc Marks, "Céu de Pipa", foi lançada em 2020 e, expõe a falta de condições que muitos passam dentro das favelas. Mas, exalta, sobretudo, o sonho de todo favelado:
"Sonhei que a favela 'tava linda
Que todas as parede tinha tinta
Criançada corria na rua e o céu 'tava cheio de pipa
Ninguém com a barriga vazia
E as dona Maria sorria
Tinha até barraco com sacada
Virado de frente pra piscina, acredita?"
Referências:
- Mc Marks. (2020, 04 de junho). Mc Marks - Céu de Pipa - DJ Muka (Clipe Oficial). [Vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=fBf7XAC2K5U
Xavier, W. [@vivencia.lab]. (2023, 09 de setembro). O consumo de moda é um importante marcado para pensarmos em mobilidade social nas periferias brasileiras. [Vídeo]. Instagram. https://www.instagram.com/p/Cw-X_hdub6e/
de Oliveira Covre, P. (2015). A Cultura da Ostentação: Uma análise da grande mídia e Institutos de Pesquisa. Dissertação não publicada. (Universidade do Estado de São Paulo). https://celacc.eca.usp.br/sites/default/files/media/tcc/monografia_final.pdf
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